Este artigo refere-se ao livro “O valor do design”, que apresenta uma série de experiências concretas de profissionais das mais diversas áreas do design e que irá te auxiliar com dicas para composição de sua planilha de custos ao apresentar um projeto ou proposta de trabalho. Abaixo descrevemos um exemplo de referência em serviços prestados de design gráfico, mas que aplica-se também a área de computação gráfica em geral e áreas correlatas.
O Preço do Design
O aumento da concorrência no mercado de Design Gráfico e sua crescente importância como diferencial competitivo de marcas, produtos e serviços é evidente. Naturalmente, uma boa administração do negócio e uma composição de preços bem refletida significa, no mínimo, garantia de sobrevivência no mercado e de reconhecimento profissional.
Já não é suficiente ser competente apenas no desenvolvimento de projetos, no atendimento dos clientes e na resolução de seus problemas. É preciso ir além e incorporar a gestão como parte integrante do processo de design.
Há uma diferença entre custo e o valor de um projeto. O custo refere-se à quantia para operar sem prejuízo e poder investir em novos equipamentos, por exemplo. Já o valor refere-se a quanto vale o projeto em termos de patrimônio para o cliente. E isto depende da complexabilidade do mercado em que o cliente atua, do seu porte, das características do segmento em que o produto ou serviço se inserem, de como o cliente vai capitalizar com o projeto, entre outros.
Este é um dos fatores que determinam a grande variação de preços de design gráfico, como o da marca, que pode oscilar de 2 mil a 400 mil reais ou mais. Uma coisa é o design da marca para uma campanha interna de combate a incêndio. Outra é o de uma empresa nova, que tem metas ambiciosas de vendas e faturamento e atuará em outros países. Ao calcular o preço de um trabalho, o designer precisa avaliar seu valor para o cliente, quantificando-o financeiramente.
Não é fácil orçar um projeto. São muitos os fatores envolvidos, e das mais diversas naturezas. A forma consagrada de apresentação do preço é a feita por job, em que uma multiplicidade de itens são considerados antes de se chegar ao valor final do trabalho, esses itens são:
1. Complexabilidade do trabalho
Este é um dos fatores mais importantes na composição de preços. Ele é determinado pela complexabilidade inerente ao projeto. O design de um convite de festa tem complexabilidade diferente do da identidade corporativa de uma multinacional – até por fatores como o porte do cliente e o grau de profundidade e de envolvimento. Por exemplo: se o projeto é um catálogo, o grau de envolvimento do escritório é menor quando as fotografias chegam prontas, e menor ainda quando já vêm digitalizadas e tratadas. Por outro lado, é muito maior se o designer tem que sair e dirigir o trabalho do fotógrafo.
2. Complexabilidade do mercado do cliente
Aqui avalia-se em que mercado o produto ou serviço do cliente se insere, se ele é ou não marcado por concorrência acirrada e em qual estágio de desenvolvimento visual e gráfico estão os concorrentes. Ou seja, se os concorrentes têm ou não um trabalho profissional de embalagem ou design de marca.
3. Porte do cliente
Ele é pequeno, médio ou grande? A responsabilidade dos designers cresce proporcionalmente ao tamanho do cliente.
4. Natureza do cliente
Quem é o cliente e qual a sua atividade? Quando a marca, o produto ou o serviço tem performance mais orientada para o aspecto comercial, o designer torna-se co-responsável pelo sucesso de vendas do projeto e o grau de exigência do cliente é maior. Essa situação muda quando o cliente é uma instituição, um museu ou uma ONG, que não explorarão comercialmente o projeto. No primeiro caso, é importante estabelecer um valor a ser repassado para o preço. Outro fator a ser considerado por alguns designers é o histórico do cliente com seus fornecedores anteriores.
5. Exposição do projeto
O trabalho será utilizado em campanhas publicitárias e estará em diferentes mídias? O grau de exposição muda quando falamos de marca pessoal, de marca de empresa de varejo com apenas um ponto-de-venda, ou da de um banco com mais de mil agências espalhadas pelo país inteiro. Estas variações determinam o nível de responsabilidade com que o designer terá que atuar e também o grau de complexabilidade do projeto. Além disso, é preciso considerar o tempo de vida do projeto. As marcas consolidam-se com o passar dos anos, Já as peças promocionais normalmente têm vida curta.
6. Alcance do projeto
Nos casos de projetos que serão utilizados em diferentes países, já é pratica corrente o pagamento de valores específicos para esse fim. Os designers estabelecem um preço para o mercado brasileiro e especificam, em contrato, um outro valor para cada mercado externo. Ou seja, cobram quantias diferentes para o uso de uma embalagem na Argentina e nos EUA. Alguns clientes têm por praxe especificar o valor a ser pago, em especial os do mercado editorial e as multinacionais. No caso de embalagem, quando o cliente não tem esse valor, o preço para cada mercado externo pode ser determinado de acordo com a participação de mercado do produto estrangeiro (market share). Por exemplo, o preço pago pelo uso da embalagem é maior se o produto é líder de marcado e menor se ele ocupa o terceiro lugar no ranking de vendas.
7. Custo/hora
Saber o seu custo/hora é um dos itens mais importantes, pois isso garante que o custo será repassado para o preço do projeto. No custo/hora entram desde as despesas com energia elétrica, telefone, aluguel e contador, até as realizadas com a compra de livros, renovação e manutenção de equipamentos. Também é preciso estimar quanto tempo se trabalhará no projeto. Conhecer o valor do custo/hora é importante também nas situações em que o mercado ou os clientes impõem o preço do projeto. Neste caso, trilhará o caminho inverso: transforma o preço dado pelo cliente em custo/hora. Os softwares encontrados pela web para o cálculo do custo/hora não são recomendados.
8. Cobrança das variantes/aplicações
Alguns estabelecem um preço para o trabalho de desenvolvimento do conceito e do projeto gráfico. E fixam um valor específico para a cobrança das variantes (rótulo, embalagem, etc.) ou da aplicação por peça (no caso de sinalização, de aplicação do projeto em diversos pontos-de-venda, etc.)
9. Encomenda ou concorrência?
Avalia-se também a forma como o trabalho está sendo solicitado. Ou seja, se é sob encomenda ou se está sendo disputado em um concorrência. Aqui vale ressaltar, que a ADG condena a participação dos designers em concorrências especulativas, ou seja, aquelas em que o layout é apresentado e só recebe o dinheiro se ganhar. No entanto, vários clientes já adotaram como prática convocar concorrências de layout em que os designers, para participar, cobram 30% do preço total do orçamento antecipadamente. Em alguns casos, o próprio cliente tem um valor fixado de pagamento antecipado, que é recebido independentemente de se ganhar ou não a concorrência.
10. Prazo de execução
Se o cliente tem urgência, pode ser cobrada uma taxa, pois é necessário mobilizar uma estrutura ou equipe maior.
11. Experiência do designer
Os preços dos projetos oscilam também em função da experiência do(s) designer(s) envolvido(s). O valor do trabalho com quinze recém-formados é bem diferente do de um profissional com muita experiência e que trabalha sozinho, por exemplo. O último pode custar mais.
12. Outros custos
Quando não se tem uma grande infra-estrutura interna, os custos de arte-final ou de cópias coloridas em formatos diferenciados são cobrados à parte. Quando a política do cliente exige que a apresentação desses custos seja embutida no preço total do orçamento, o correto é discriminar tudo o que está sendo cobrado – para que no futuro ele não peça um cópia de graça, argumentando que ganhou isso do designer no passado. E claro, há os custos de terceiros a serem considerados.
13. Preços praticados no mercado
Esteja atento aos preços que o mercado pratica, pois isso é importante em vários aspectos e permite que se evite a prática predatória, a sub-remuneração ou o estabelecimento de valores injustificáveis ou incompatíveis.
Nossa opinião é de que o valor de uma arte final pode variar bastante de empresa para empresa ou de artista para artista, pois além de ter atenção a todos os itens mencionados acima, há que se estabelecer o valor real desejado, de forma que cubra todos os custos (diretos e indiretos) e também a sua margem de lucro. E, experiência conta bastante, mas também não é o grande diferencial. A arte final que você irá entregar ao seu cliente é o principal diferencial!
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