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Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

A 35a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa para o público nesta sexta (dia 21), uma semana após a morte de seu criador e diretor, Leon Cakoff, vítima de câncer, aos 63 anos. No entanto, sua marca está bem impressa. Foi dele a ideia de o festival selecionar, para 2011, apenas longas-metragens estrangeiros inéditos no Brasil.

A escolha não impediu a vinda dos trabalhos de grandes diretores habitués dos festivais internacionais. Estão na programação, por exemplo, os dois longas que dividiram o Grande Prêmio do Júri do último Festival de Cannes: “O Garoto de Bicicleta”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne, e “Era uma Vez na Anatólia”, do turco Nuri Bilge Ceylan.

Outra particularidade foi a concisão. Em vez dos caudalosos números que vinham caracterizando as últimas edições (em 2010, foram 400 títulos), o festival encolheu e reúne cerca de 250 filmes, que passam por 22 salas de São Paulo até o dia 3/11. Não é pouco, mas evidencia mais os critérios de escolha.

Se há a inevitável irregularidade dos novos diretores, a Mostra conseguiu trazer obras de veteranos ilustres. Um dos maiores cineastas alemães da atualidade, Werner Herzog tem dois documentários na seleção. “A Caverna dos Sonhos Esquecidos” é um sonho duplo: do diretor, que sempre se interessou pelas pinturas rupestres, tema do longa, e das novas tendências cinematográficas, uma vez que foi filmado em 3D. “Happy People: A Year in the Taiga” é dirigido pelo russo Dmitry Vasyukov, mas o roteiro é de Herzog. Não à toa, o filme trata da relação homem-natureza, tema constante na obra do alemão. 

O francês Nicolas Klotz, de “A Questão Humana” (2007), dirige “Low Life”, voltando-se mais uma vez forte contra o sistema. Crítico também é o grande Nanni Moretti, que, em “Habemus Papam”, conta a história, tão original quanto polêmica, de um papa recém-empossado (Michel Piccoli) e seu analista (o próprio Moretti). Outro diretor adepto da polêmica, mas por vezes sensacionalista, é Bruno Dumont. Hábil, ele opta, em “Hors Satan”, por um registro mais direto, seco, para mostrar um casal à espera de uma anunciação.

Entre os asiáticos, o japonês Hirokazu Kore-eda faz um dos quatro curtas reunidos em “Kaidan Horror Classics”. Do mesmo Japão e exibido em Cannes, “Hanezu”, de Naomi Kawase, fala sobre a gênese de um lugar por meio de um triângulo amoroso trágico.

A Argentina está representada pela nova geração, em nomes como o de Rodrigo Moreno (“Um Mundo Misterioso”) e também pela tradição de Fernando Solanas, artista de obra marcadamente militante. Com as duas partes de “Terra Sublevada”, o diretor comenta o prejuízo ambiental (e social) causado pela política neoliberal na extração de riquezas do continente sul-americano.

Não é diferente com o Brasil, que tem uma seleção de mais de 70 filmes. “O Palhaço”, segundo longa dirigido por Selton Mello, divide a programação com obras de dois veteranos: “O Homem que Não Dormia”, de Edgard Navarro, e “As Canções”, de Eduardo Coutinho.

As tradicionais retrospectivas abraçam temas fortes. Além do importante livro de entrevistas “Conversas com Scorsese” (Cosac Naify), do jornalista e documentarista Richard Schickel, a Mostra traz dez filmes do americano Elia Kazan (1909–2003), um dos diretores mais estimados por Martin Scorsese, que terá seu “Taxi Driver” (1976) exibido em cópia restaurada.

Já as obras-primas “La Dolce Vita” (1960), de Federico Fellini (1920–1993), e “O Leopardo” (1963), de Luchino Visconti (1906–1976), serão exibidos para homenagear o autor de suas trilhas sonoras, o grande músico italiano Nino Rota (1911–1979). Também em cópias restauradas estão “1900” (1976), de Bernardo Bertolucci, e “Laranja Mecânica” (1971). Este último casa-se com o documentário “Era Uma Vez… Laranja Mecânica”, do francês Antoine Gaudemar, que conta a história do polêmico filme de Stanley Kubrick (1928-1999).

Um ciclo vai trazer a obra do mestre Sergei Paradjanov (1924–1990), autor de um cinema contemplativo que parece inspirar diretores como o do tailandês Apichatpong Weerasethakul. O festival também vai mostrar um outro legado de Leon Cakoff, o longa “O Mundo Invisível”, que reúne a leitura de um tema (o que seria a “invisibilidade”) por vários diretores convidados, como Atom Egoyan e Wim Wenders.

35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 

Onde: em 22 salas de cinema de São Paulo
Quanto: seg., ter., qua. e qui.: R$ 14; sex., sáb. e dom.: R$ 18; para ingressos no dia da sessão, somente nas salas de cinema
Permanente integral: R$ 390
Permanente especial (para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões noturnas): R$ 90
Pacote de 40 ingressos: R$ 285
Pacote  de  20  ingressos: R$ 165
Pela internet: Ingresso.com, o ingresso pode ser adquirido com antecedência de quatro dias a um dia antes da sessão.

Fonte: Valor Economico

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