Atualmente quase todo arquiteto usa um computador, seja para modelagem 3D, documentação ou até mesmo para criação de planilhas entre outras necessidades. Arquitetos agora precisam saber o mesmo tanto de software quanto de estruturas, códigos de obras e projeto. À medida que ferramentas se tornam mais poderosas e sofisticadas, precisamos evoluir e desenvolver nossos métodos de trabalho para permanecermos competitivos. Muitos dos problemas que necessitamos resolver não estão nas capacidades de programas fáceis e rápidos. Precisamos ajustar e personalizar as nossas ferramentas para trabalhar a maneira como trabalhamos. Criar nossas próprias ferramentas e softwares é uma maneira de fazer isso.
A realidade é que nem todo mundo tem tempo ou facilidade para aprender a programar. Leva tempo e sempre temos projetos para terminar, desenhos para revisar e edifícios para projetar. Nesse artigo citamos algumas novas ferramentas disponíveis que oferecem o poder da programação sem a necessidade de toda aquela interminável codificação, para que arquitetos possam ingressar no mundo da programação visual e projetos computacionais sem muitas “dores de cabeça”.
Ferramentas de Design Digital
Existem várias ferramentas de design digital no mercado, sendo que a maioria delas trabalham sobre outras plataformas de software, como Microstation, Rhino ou Revit. A seguir destacamos uma relação dessas ferramentas mais populares:
O Generative Components é considerado o avô das ferramentas de design digital. Foi introduzido em 2003 e lançado comercialmente em 2007. O Generative Components trabalha com o software Microstation, embora uma versão independente esteja também disponível. Enquanto o Generative Components é o mais antigo, o Grasshopper é sem dúvida a ferramenta mais popular de design digital. Consiste de uma ferramenta de modelagem algorítmica para Rhino. Grasshoper está no mercado há oito anos e tem atualizações rápidas. É um produto muito maduro, com uma extensa biblioteca.
Dynamo é uma ferramenta de programação visual da Autodesk. Está disponível em uma versão gratuita que o conecta diretamente com o Revit, assim como a versão independente, porém paga. Dynamo está crescendo em popularidade e possui uma comunidade de adeptos em rápido crescimento.
Marionette é um novo produto da Vectorworks. É construído diretamente na versão Vectorworks 2016. Marionette é uma plataforma cruzada, portanto pode ser trabalhada tanto no Mac como no Windows.
Já o Flux é o lançamento de Google e é o único que funciona em todas as plataformas, usando uma interface baseada na web. Com o Flux, é possível compartilhar dados entre aplicativos. Por exemplo, um modelo conceitual criado no Rhino pode ser importado para o Revit, paredes e portas podem ser adicionados, em seguida, a área exportada para o Excel, todos utilizando plugins de Flux e sua interface web.
Como o design digital vai mudar a maneira como você trabalha?
Design digital é um termo amplo que compreende muitas atividades, que variam do projeto à automação de tarefas. O que têm em comum é o uso da ferramenta de programação visual. A seguir, cinco maneiras através das quais você pode se beneficiar com o design digital.
1. Explore múltiplas opções de design
Através da programação de regras de design em uma estrutura computacional, é muito fácil gerar centenas, se não milhares de opções utilizando essas regras. Além do mais, cada opção pode ser avaliada usando critérios específicos para determinar a melhor solução.
Não estamos falando apenas da criação de torres curvas ou geometrias bizarras. Você pode facilmente criar uma ferramenta que gera desenhos de banheiros baseados em uma série de quatro paredes. Sejamos honestos, a maioria dos banheiros é bastante parecida. Se você codificar o padrão de seu escritórios em um programa visual, você pode facilmente gerar uma variedade de opções, das quais todas fazem parte do critério específico de seu escritório. Você pode então gastar seu tempo de projeto nas partes do edifício que são mais interessantes.
2. “Abra o capô” e acesse seus dados
Por mais que as empresas de software queiram que façamos todo o trabalho em seus programas, é ainda necessário e muitas vezes preferível utilizar alguma ferramenta mais adequada para a função. Infelizmente, isso significa transferir dados de um formato a outro. E uma vez que os programas trabalham muito bem juntos, isso frequentemente envolve exportar os dados para o Excel.
Ferramentas de design digital tornam este processo muito mais fácil. Por exemplo, utilizando Dynamo, é possível criar uma ligação de duas vias com seu modelo de Revit para exportar todas as informações do Revit para o Excel. Uma vez que os dados estão no Excel, você pode modificá-los e importá-los de volta para o modelo ou utilizá-los para criar um painel de projeto.Tudo isto pode ser realizado a partir de um gráfico do Dynamo bastante simples.
3. Tarefas repetitivas automáticas
Muito do que se vê de design digital envolve geometria complexa e design avançado. No entanto, estas ferramentas podem fazer muito mais do que isso. Uma vez que eles trabalham com a API do software, ou aplicativo de programação de interface, a maioria das ferramentas de design computacional pode ser usada para automatizar tarefas tediosas, como renomeação e cópia de elementos ou pontos de vista.
Na verdade, muitas das ferramentas que eu criei para o ArchSmarter Toolbox podem ser replicadas no Dynamo. O Dynamo proporciona uma maneira mais fácil de acessar o API do Revit. Para mim, esta é uma das grandes promessas do design computacional. Poder criar suas próprias ferramentas que funcionam da mesma forma que você é a melhor maneira de trabalhar mais inteligentemente.
4. Teste o que seu projeto está realmente fazendo
Como saber se seu projeto terá o desempenho que você espera? Podemos esperar que o edifício seja construído ou podemos testá-lo durante a fase de concepção, quando é muito mais fácil e barato realizar alterações. Ferramentas de design digital tornam mais fácil a simulação da performance do edifício através do processo de design. Quer saber a quantidade de luz natural em um dia parcialmente nublado de março? Crie uma ferramenta que meça isso.
Embora os dados de simulação não substituam os dados reais, eles podem fornecer um meio de avaliar projetos com base em critérios semelhantes. Determinar rapidamente o desempenho do projeto – de maneira comprovada – nos dá mais tempo para realizar simulações detalhadas das alterações.
5. Pense de maneira algorítmica
Por fim, design digital requer que você pense através de uma lógica “passo-a-passo”. A maioria dos arquitetos confia na intuição ou na criatividade para resolver problemas. Esse tipo de pensamento nem sempre é adequado para um processo lógico de um cérebro que pensa com o lado esquerdo. Mas e se você pudesse programar essa intuição? Seria possível observar cada passo e realmente compreender o que faz ele funcionar. Melhor ainda, você poderia reutilizar essa lógica de projeto e melhorá-la com o tempo.
Ao utilizar o processo de design digital, você está codificando o design. Cada passo do projeto se torna uma série de instruções que podem ser avaliadas, revisadas e melhoradas. Do mesmo modo, cada passo requer parâmetros específicos. Ao pensar através de todos os passos do problema de projeto e considerar todas as entradas e saídas, você efetivamente criar um processo que pode ser entendido e repetido.
Concluindo
Ferramentas de design digital oferecem uma maneira fácil de aproveitar o poder da computação em processos de projeto sem ter que aprender a programar. Estas ferramentas permitem que arquitetos e designers criem suas próprias ferramentas específicas. Cada projeto em que trabalhamos é único e com seus próprios desafios. Não existe apenas um software que possa fazer tudo o que precisamos. No entanto, ao criar nossas próprias ferramentas, podemos adaptar nosso software para que ele trabalhe por nós.
Fonte: ArchSmarter
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