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Brasileiros celebram força do mercado nacional de Games

A Gameworld, através de sua publicação EGW, convidou seis empresas brasileiras que estiveram presentes neste ano no GDC – Game Developers Conference, nos Estados Unidos, a compartilharem suas impressões sobre o mercado brasileiro.

GDC 2012 e o mercado brasileiro de games

No início de março último, aconteceu na Califórnia a edição 2012 da Game Developers Conference, mundialmente conhecida como GDC. Foram cerca de 19 mil visitantes que desembarcaram em San Francisco para discutir, debater, assistir, jogar, ensinar, aprender, palestrar, fazer networking e negócios no mundo dos videogames, no Moscone Center da cidade.

A EGW foi pela primeira vez cobrir o evento e muitos brasileiros marcaram presença neste ano. Na volta da caravana tupiniquim que foi às terras americanas, a equipe da EGW procurou por seis empresas brasileiras que estiveram na GDC, a Mother Gaia (estúdio especializado em advergames e mobile), a RightZero (consultoria especializada em empresas estrangeiras de games que desejam entrar no Brasil), a MangoLab (estúdio que desenvolve jogos casuais), a Ilusis Interactive (desenvolvedora de jogos para mobiles e portáteis, como PSP), a 2Mundos (especializada em games sociais) e a Aquiris (estúdio especializado em Unity). Cada uma delas tinha uma missão diferente na GDC. “Nosso principal objetivo nesses eventos é a busca por tendências para o mercado mundial de mobile games e também a procura de fortes parcerias para o lançamento dos games que estamos desenvolvendo”, disse Túlio Soria, da Mother Gaia Studio.

“Fomos mesmo contatar empresas estrangeiras que queriam entrar no Brasil”, informou Carlos Estigarribia, da RightZero. A opinião é compartilhada por Rodrigo Mamão, da Ilusis Interactive: “Fomos fortalecer os contatos com atuais parceiros e publishers, além de apresentar novos projetos.”

Israel Mendez, do estúdio Aquiris, que fica localizado no antigo estúdio da Ubisoft, em Porto Alegre, vai um pouco além desse objetivo: “Estender o networking e fechar trabalhos foi o principal, mas também queremos ficar por dentro do que está acontecendo em termos de lançamentos de games e tendências de mercado”.

“O objetivo maior é qualificar a equipe de desenvolvimento e de estratégia de negócios com as palestras e com o conhecimento que uma conferência como a GDC proporciona”, disse Sabrina Carmona, do estúdio MangoLab. “O segundo grande objetivo é conhecer pessoas que façam a mesma coisa que você e trocar experiências para agregar valor para ambas as empresas.”

Fechando essa turma, a recém-criada 2Mundos, com estúdio em Campinas e escritório em São Paulo, desembarcou nos EUA com sede de conhecimento: “É um mercado que muda cada vez mais rápido, é preciso estar sempre atualizado”, defendeu Reinaldo Normand. “Conversar com possíveis investidores e parceiros interessados no mercado brasileiro também foi um de nossos maiores objetivos”.

Bons Negócios Brasileiros

Mas, afinal, a GDC é realmente proveitosa para os brasileiros que querem fazer negócios no mercado de games?

“Essa já é a segunda vez que marcamos presença no GDC. Na primeira, ficamos um pouco perdidos com a quantidade de informação que normalmente é oferecida em um evento desse porte, principalmente para nós, brasileiros, que estamos um pouco distantes dos polos mundiais de criação de games. Mas mesmo assim foi uma ótima experiência e acabamos fechando um acordo de distribuição de nosso game City Rain com a Ovolo Games, do Canadá”, lembra Túlio. “Já nesta segunda vez, pudemos comparecer mais preparados e fechamos negociações com várias empresas. Esperamos concluir bons negócios em 2012 com esses contatos.”

Já Rodrigo, pela segunda vez na conferência, também comemora os resultados. “Essa foi nossa terceira Game Connection e a segunda GDC. Temos dois contratos em negociação com uma publisher dos Estados Unidos, cujo contato inicial se deu em nossa primeira Game Connection, em 2009, na França”, disse.

“Esta é a nossa terceira participação e em todas tivemos ótimas oportunidades de negócios”, conta Isarel. “Em 2010 e 2011, a Aquiris participou como convidada especial no estande da Unity. Em 2012, optamos por não participar como expositores e promovemos reuniões paralelas. Por conta disso, ficamos uma semana a mais na cidade após o evento, apenas para concretizar negócios. Esta foi de longe a nossa melhor participação na GDC.”

Mas o recordista de participação desta turma é Reinaldo, da 2Mundos: “Já viemos em mais de 10 edições da GDC. Apesar de ser um evento de desenvolvedores, com a decadência da E3 [feira que acontece em junho, também na Califórnia], ele se transformou na melhor ocasião para fazer negócios.”

O que falta para o Brasil

Depois de ver o que está rolando no mercado americano, perguntamos para o sexteto: o que falta para o Brasil ter um ambiente de negócios mais favorável para empreendedores de games?

“A indústria de games no Brasil ainda não germinou por completo: existem poucas empresas na área e pouquíssimos casos de sucesso, o que por sua vez deixa essa indústria de produção em uma inércia que não favorece ninguém. Algumas das possíveis soluções poderiam ser a criação de incubadoras especializadas em games, grandes centros tecnológicos de incentivo, investimento público em editais dedicados para a produção de games ou mesmo uma classificação tributária diferenciada para o setor. Isso tiraria o mercado da inércia”, defende Túlio. “Outro fator importante que deve ser lembrado é que estamos longe do mercado global e o mercado local não é dos melhores. Mas isso pode ser melhorado com criação de frentes contra a pirataria, baixa na tributação absurda que sofremos, melhora na infraestrutura de internet e 3G. Mas essa mudança no mercado global ainda depende de variáveis socioeconômicas, como a questão de existirem muito menos smartphones aqui do que na Europa e nos EUA. Além disso, o poder de consumo/compra é bem menor. É um mercado para corajosos”, completa ele. Já Carlos prefere ir por outro caminho: “Sem entrar no mérito das coisas que não temos controle direto – impostos, educação etc. – eu acredito que os empreendedores deveriam circular mais nos eventos internacionais. Ainda são poucas as empresas brasileiras que vêm aos eventos. Isso é fundamental para fazer network”.

“Acho que o foco em negócios e marketing ainda é recente no Brasil. Já se pode ver uma importância sendo dada nesse quesito, mas é muito recente comparado com o mercado internacional”, diz Sabrina. “Se a interpretação de dados dos games e o investimento em marketing e publicação for feito com foco, a margem de sucesso é bem maior.”

Rodrigo vai além: “Game é um negócio global e por isto acredito que devemos atrair empresas de fora para ver o que se tem feito aí no Brasil. As empresas brasileiras devem também ver de perto o que está acontecendo lá fora afinal, ainda somos muito jovens neste mercado.” Reinaldo vai no simples e aponta a necessidade básica do mercado: “Desoneração da carga tributária em toda a cadeia produtiva e também nos salários”.

“Falta evoluir a mentalidade do governo e de todas as esferas públicas em relação do valor do game como produto”, lamenta Israel. “Se isso ocorresse, mudaria toda a mentalidade da sociedade, haveria um consumo cultural dos games. Talvez o setor precise se articular melhor, embora estejamos vivendo uma fase de franca melhoria.”

Tendências para este ano

Após a GDC, as seis empresas enxergam algumas tendências bem nítidas para o mercado de games. “A área de games sociais vai crescer mais ainda em 2012, com a entrada das grandes empresas da área no Brasil”, imagina Carlos. “Noto um grande interesse de empresas de todas as áreas de jogos em explorar mais o mercado brasileiro, do ponto de vista comercial.”

Já Túlio aposta nos mobiles: “Temos visto um grande movimento rumo aos mobile games, que é facilmente explicado pelo forte crescimento do mercado de smartphones no país. Uma maneira simples de visualizar isso é imaginar o futuro próximo, em que todo mundo terá a possibilidade de possuir um smartphone e, consequentemente, vai gastar muito mais tempo nele do que com computadores, videogames e televisão.”

E quem vai perder terreno com isso serão os frees. “O mercado está ficando saturado de games gratuitos, o que mostra uma nova tendência: instalação free com suporte para patrocínios e venda de conteúdo. A fixação de preço é muito baixa – no nosso caso zero, pois o free é a opção praticada –, pois há muitos compradores e muitos vendedores. Nesse mercado, a diferenciação do seu produto significa um fator crucial para o sucesso”, completou ele. Sabrina também concorda com a força dos frees. “A palavra chave é freemium. Foi o tópico mais comentado, seguido de métricas e analytics na GDC. Esses são fatores de business que empresas como a MangoLab não podem ignorar para crescer e ter sucesso”, garante ela.

Reinaldo radicaliza e acha que até os jogos de console vão desaparecer: “Os consoles estão em plena decadência e o futuro está nos jogos gratuitos e sociais para as plataformas web e mobile.” Israel segue a mesma linha de raciocínio: “Percebemos que até grandes franquias estão portando seus títulos para versões free, com monetização via microtransações. O FPS [tiros em primeira pessoa] é um grande exemplo dessa mudança: até Battlefield e Team Fortress 2 tiveram versões adaptadas para o modelo freemium.”

Essas foram as conclusões básicas do sexteto que respirou de perto os ares californianos do mundo dos negócios e do desenvolvimento de games da GDC 2012. O futuro dirá se essas conclusões se concretizarão ou são apenas reflexo do mercado atual.

Fonte: Gameworld

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