Por definição, o desenvolvimento de games independentes é o negócio de fazer jogos eletrônicos sem o suporte de distribuidoras.
Entre os chamados indies, há duas preocupações principais, que regiram praticamente qualquer movimento artístico de vanguarda da história humana: priorizar a criatividade, quebrar paradigmas do setor e conseguir sustentação financeira para a continuidade da cena.
A lógica é a inversa de games produzidos pelas gigantes do setor, que têm investimentos de centenas de milhões de dólares, mas ousam pouco, uma vez que têm que apostar no conhecido, de forma a garantir o retorno dos rios de dinheiro derramados nos blockbusters.
No Brasil, os indies brasucas estão começando a reivindicar espaço nos PCs, tablets, smartphones, consoles (e corações) de gamers do país e do mundo, com elogios, prêmios e cifras crescentes.
Um levantamento colaborativo das próprias empresas do setor indica que são cerca de 200 companhias que desenvolvem jogos independentes hoje por aqui.
Uma delas, a Behold Studios, formada por universitários brasilienses, arrecadou mais de R$ 1 milhão com um jogo para celulares, o “Knights of Pen and Paper”, que foi desenvolvido em seis meses e “teve custo quase zero”.
Outro estúdio, o Swordtales de Porto Alegre, trabalha em “Toren”, primeiro game a ser beneficiado pela Lei Rouanet, de incentivo cultural. Os desenvolvedores já arrecadaram 20% do máximo autorizado pelo ministério da Cultura: R$ 370 mil.
Confira a seguir alguns dos estúdios de desenvolvimento de jogos aqui no país:
kidguru Studios
1CDD
Taw Studio
Ipanema Games
Catavento
Behold Studios
Joy Masher
Critical Studio
Studio Mini Boss
Vortex Game Studios
Sulistas
Pixel Cows
Aduge Studio
Inglês é ‘idioma oficial’ em games feitos no Brasil
Os games independentes podem confrontar vários aspectos de jogos da indústria tradicional, mas pelo menos um ponto é idêntico nos dois lados: a utilização do inglês como língua oficial.
Alguns games brasileiros têm tradução para o português, mas a prioridade é sempre para a língua inglesa, que inclusive é utilizada na maioria dos sites e dos blogs oficiais dos estúdios daqui.
“Nós fazemos jogos para ter o maior alcance possível, por isso a escolha pelo inglês. É uma forma de tornar o jogo disponível, na medida do possível, para franceses, brasileiros e japoneses”, diz Guilherme Henrique, diretor da Behold Studios.
Outro ponto importante é que o inglês torna mais fácil a cooperação entre estúdios brasileiros e estrangeiros.
Além disso, termos nesse idioma são naturais para os desenvolvedores, que cresceram jogando títulos como The Legend of Zelda e Final Fantasy, em inglês.
“As vendas vindas de contas brasileiras são apenas 2%. Sem contar muitas pessoas que compram no Brasil mas que não fazem questão de jogar em português”, completa Henrique.
‘Trabalhar com games no Brasil é estilo bandeirante, cortando mato com facão’, diz desenvolvedor
“Cadê o Mario? Não tem nenhum Pokémon? Não conheço ninguém”, disse Daniel, 13, ao ser desafiado a identificar algum personagem da imagem abaixo, todos do mundo dos games.
Daniel é dono de um PS3 e jogador ávido de Nintendo 3DS, mas, mesmo assim, não conseguiu nomear um só herói da ilustração.
Também, pudera. Todos os personagens são de jogos brasileiros, um mercado que praticamente não existia há cerca de cinco anos e que, por isso, ainda permanece fora do radar mesmo de interessados em jogos eletrônicos -que ainda não são reconhecidos totalmente como cultura (ou arte) no Brasil.
Fonte: Folha