Apesar de terem sido criados para games, os óculos de realidade virtual podem ajudar até a treinar astronautas
“Uma imagem plana pode esconder a história completa. O espaço não é plano”, diz um trecho de vídeo da Nasa, agência espacial americana. “E se nós pudéssemos entrar nas fotografias que tiramos do espaço?”
O vídeo da agência apresenta um cenário virtual de Marte, que pode ser explorado por astronautas que utilizem o Oculus Rift em conjunto com a esteira Omni.
Engenheiros da Nasa projetaram o ambiente com base em milhares de imagens enviadas pelo robozinho Curiosity, que pousou na superfície do planeta vermelho em agosto do ano passado. A intenção é treinar de forma mais realista astronautas que um dia possam partir em uma missão de colonização de Marte. “É uma experiência mais imersiva e natural do que estudar imagens bidimensionais”, diz Victor Luo, engenheiro de interfaces humanas da Nasa.
O laboratório da Nasa responsável pelo projeto também mapeou o interior da ISS (Estação Espacial Internacional) para o Rift. As visitas virtuais à estação são importantes para que os astronautas iniciantes compreendam que a falta de gravidade faz com que a estação não tenha chão nem teto. Não há para cima ou para baixo no espaço, e apenas a realidade virtual pode dar uma ideia mais próxima do que isso significa.
IMERSÃO
Apesar de ter sido projetada para games, a tecnologia de imersão do Rift pode ser usada para explorar qualquer tipo de ambiente virtual, o que abre vastas possibilidades em setores como mercado imobiliário, jornalismo, saúde e educação.
O site immersivejourna lism.com (jornalismo imersivo) faz testes com o Rift para que o leitor “sinta a notícia”. “Aqui as pessoas podem ter a experiência de presenciar os fatos, e não apenas ler a descrição do que ocorreu”, diz o site do projeto.
Entre as experiências, está uma visita a Guantánamo, prisão para condenados por terrorismo mantida pelos EUA em Cuba.
Na área da saúde, o Rift já tem ao menos um defensor. “Eu não tenho nenhuma dúvida de que o Oculus vai revolucionar a realidade virtual para fins clínicos”, disse o Dr. Albert Rizzo, cientista do TIC (Instituto de Tecnologias Criativas) da Universidade da Califórnia, em entrevista ao site “The Verge”.
O cientista desenvolveu, em 2005, um software de realidade virtual para tratar veteranos de guerra que sofrem de estresse pós-traumático.
Rizzo acredita que o Rift pode melhorar dramaticamente a eficácia de seu programa, além de também poder ser utilizado para a cura de fobias.
Fonte: Folha