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Será possível enxergar com a língua no futuro

Pensem na língua. É sensível, apesar de forte e repleta de nervos e papilas gustativas, e sem suas capacidades acrobáticas, os humanos não poderiam comer ou falar. Também é nosso órgão sensorial mais versátil e alguns engenheiros de computação acham que seu potencial não vem sendo aproveitado completamente. A Wicab, uma empresa de Middleton, no Estado de Wisconsin, projetou uma plaquinha quadrada com uma série de eletrodos, para ser usada por cegos. Quando colocada sobre a língua, como um pirulito, ela transforma as imagens de uma câmera de vídeo em um padrão pontilhista de estimulações sensoriais. A sensação é como a de água com gás ou daquelas balinhas explosivas Pop Rocks, mas com o tempo e com prática, os usuários cegos relatam a sensação paradoxal de “ver” com suas línguas.

Enxergar com a língua
Pritesh Gandhi, executivo-chefe da americana Ambient Devices: dispositivos ajudam a assimilar informações de maneira praticamente inconsciente.

Gershon Dublon, estudante de graduação do Massachusetts Institute of Technology (MIT), tenta ampliar a ideia da Wicab. Ele fez uma versão reduzida mais barata (de estimados US$ 10 a US$ 40) do aparelho, que pode ser conectada a qualquer conjunto de sensores. Dublon encoraja os colegas engenheiros a conectarem suas línguas a outros aparelhos – microfones, sensores de pressão, até a um magnetômetro – que dariam a uma pessoa o infalível senso de direção de um pássaro migratório. O aparelho, que Dublon chama de Tongueduino, não serviria apenas para os cegos ou surdos, mas para qualquer um querendo amplificar seus sentidos. “Seria útil para qualquer um que queira um melhor senso de direção”, diz ele.

Desde a invenção da computação pessoal, há 30 anos, a forma como interagimos com os computadores continua quase a mesma: monitor, teclado e mouse. Os monitores ficaram um pouco maiores; os teclados, menores; e os mouses, sem fio, mas o usuário de computadores em 1984 ainda teria familiaridade com os PCs comprados em qualquer Best Buy de hoje em dia. Isso começa a mudar; há uma explosão de inovações no desenho das interfaces, provocada pelo rápido avanço no poder de processamento, memória e largura de banda. Isso começou com a tela sensível ao toque dos iPhones e os controles acionados com um simples deslizar do dedo. Ganhou velocidade em 2010, com o Kinect, da Microsoft, um conjunto de sensor e câmera que permite aos jogadores do Xbox controlar o aparelho de videogame com gestos. Algumas das empresas ou dos projetos iniciantes mais promissores da atualidade não procuram desenvolver redes de relacionamento social ou sites de comércio eletrônico, mas interfaces.

A Leap Motion, uma empresa iniciante de San Francisco, desenvolveu um pequeno aparelho, no estilo do Kinect, para substituir o mouse. Com o dispositivo, ações como apontar, clicar, arrastar, soltar e modelar formas na tela passariam a ser feitas com as mãos no espaço diante de monitor, como se você fosse feiticeiro.

Uma empresa canadense chamada Thalmic Labs desenvolveu uma espécie de aro de controle de gestos, a ser lançado ainda neste ano, que se ajusta ao antebraço como uma faixa para absorver o suor e capta diretamente o movimento dos músculos, livrando-se da necessidade de câmeras para captar os movimentos. Jinha Lee, estudante de graduação no MIT, vem dando o que falar com um visor de realidade virtual em 3D, no qual os usuários manipulam arquivos com a mão, como se fossem objetos de verdade. E o tão antecipado Google Glass reúne as funções básicas de um smartphone – de comunicação, busca e navegação – para exibi-las em uma tela na visão periférica do usuário.

Algumas dessas novas tecnologias são intuitivas, outras são bizarras, mas à medida que os computadores se espalham por quase todos os lados, desde painéis de carros até eletrodomésticos de cozinha, aumenta a necessidade de controlá-los com mais facilidade – e de conseguir extrair algo útil de todos esses dados sem se afogar neles.

Entre as ideias sobre o futuro da computação, a da Leap Motion provavelmente é a que está mais próxima do mercado. Em 27 de fevereiro, a empresa divulgou o preço (US$ 79,99) e a data de lançamento (13 de maio) de seu sensor, que tem o tamanho de um isqueiro. O Leap, como seus criadores o chamam, contém três câmeras pequenas para acompanhar o movimento dos dedos do usuário. A ideia é que fique em frente ao monitor do computador. No fim de 2012, a empresa enviou amostras do aparelho para 12 mil programadores que se registraram para escrever softwares que vão desde jogos eletrônicos com naves estelares até o aplicativo de um “aperto de mão secreto”, que reconhece o usuário do computador pelo formato de sua mão e acaba com a necessidade de senhas.

“Com o Leap, se vai muito além da inovação”, diz Nicholas Vidovich, engenheiro de programação da Battelle, uma empresa de pesquisas tecnológicas de Columbus, Ohio, que ajudou a projetar o aplicativo do aperto de mão. A Battelle também trabalha em aplicativos para o uso do Leap em hospitais, como um que permitiria ao cirurgião controlar um computador no meio de alguma operação sem precisar tocá-lo com as luvas ensanguentadas.

Boa parte do trabalho com interfaces é, assim como o Leap, direcionado à questão da entrada de dados: a percepção de que um teclado e mouse não são as melhores formas de controlar um computador quando se trabalha em três dimensões ou se o computador é minúsculo. Alguns poucos pesquisadores e empresas, no entanto, também estão atentos à questão da saída do computador. Como destacam, a riqueza de dados que os computadores podem fornecer é inútil se não pudermos absorvê-la ou se for uma fonte de distração a ponto de não conseguirmos fazer nada além disso.

Uma das líderes nesse campo é a Ambient Devices. As tecnologias básicas da empresa de Cambridge, Massachusetts, baseiam-se no chamado processamento pré-atencional, a capacidade de perceber o que nos cerca graças ao que captamos além dos limites de nossa atenção consciente. Um dos produtos da Ambient, o Energy Orb, brilha em cores diferentes – vermelho, amarelo ou verde – dependendo da variação do preço da eletricidade ao longo do dia, indicando aos consumidores quando pode ser melhor alterar seus termostatos. A ideia é que as informações sejam captadas sem a necessidade de ler, da mesma forma que ao ficarmos sentados perto de uma janela, sabemos inconscientemente se o dia está nublado ou ensolarado. O Google Glass adota princípio similar: o visor de informações nos óculos de alta tecnologia está exatamente no limite do campo de visão do usuário. “A trajetória das informações disponíveis vai crescer de forma exponencial nos próximos dois anos”, diz o executivo-chefe da Ambient Devices, Pritesh Gandhi. “Conseguir domá-la de forma que permita tomar a decisão certa, no momento e no lugar certos: essa é a chave”.

Fonte: Interjornal

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