Houve uma época na qual havia um futuro brilhante pela frente. Se você nasceu antes de 1993, provavelmente saberá do que estamos falando. A NVIDIA não era nem de longe a líder do mercado de placas de vídeo – quem o dominava era a 3dfx.
A empresa foi fundada em 1994 por ex-funcionários da Silicon Graphics e lançou seu primeiro produto em 1996. O nome deste foi referência na secunda metade da década de 1990 quando o assunto era processamento gráfico: Voodoo. A popularidade começou, todavia, fora dos PCs: o mercado de Arcades recebeu impacto da 3dfx com o jogo San Francisco Rush.
O jogo, de 1996, tinha um poder gráfico muito maior do que os consoles de vídeo game da época, como o PlayStation, o Sega Saturn e o então todo-poderoso Nintendo 64. Ao final de 1996, os custos dos insumos para a produção dos processadores diminuíram significativamente – com efeito, a 3dfx conseguiu entrar no mercado de PCs. Tal entrada faria com que o mercado de jogos para computador se expandisse imensamente nos anos subsequentes; hoje temos todos os tipos de jogos no computador: first person shooters, RPGs e até mesmo jogos de poker.
Com isso, uma nova era no mercado de jogos de vídeo-game para os computadores foi inaugurada. De toda sorte, o chip original (que posteriormente seria conhecido apenas como Voodoo 1) ficaria obsoleto ao passar do tempo e havia a necessidade da criação de algo com uma capacidade gráfica mais avançada. Foi lançada, então, em 1998, a Voodoo 2 – que tinha o dobro da capacidade da Voodoo 1 em alguns quesitos. Por exemplo, 8MB de memória para texturas (em comparação a 4MB da Voodoo 1) e 4MB para buffer de imagem (em comparação aos 2 MB da Voodoo 1). Lógico, 8MB parece ser muito pouco hoje em dia – mas em 1998 era um tremendo poder de renderização de vídeo em computadores pessoais.
Ainda em 1998 a 3dfx acabou por receber o primeiro golpe do mercado. Agora entre as gigantes, a empresa seria a responsável pela plataforma de hardware do Dreamcast, novo (e muito além de seu tempo) video-game da japonesa SEGA. Todavia, a empresa japonesa declinou a 3dfx e rescindiu o contrato sem maiores explicações – a NEC acabou por ficar responsável pelo projeto. Dali para frente, começaria o declínio da empresa.
A falência – e o consequente fim – da 3dfx é um tópico cheio de boatos, muito pouco é sabido. A impressão que passa em teorias da conspiração é que a empresa tornou- se algo como o jogador com mais fichas numa mesa de poker – e todos os outros (Microsoft, Intel e ATI) se juntaram para derrubá-lo. De toda sorte, o mais objetivo – fora essas teorias da conspiração – é dizer que a empresa foi mal administrada e os projetos, mal orquestrados. A insistência em criar um chip integrado, como o que ocorreu com a Voodoo3, acabou por custar milhões de dólares (sem a eficiência necessária), bem como acabou por desviar dinheiro, investimento e foco do projeto Rampage, originalmente pensado como sucessor da Voodoo2. Este, aliás, nunca chegou ao mercado – teve um protótipo concluído em 2000, às vésperas da liquidação dos ativos da 3dfx.
No final das contas a maior parte dos ativos da empresa foi adquirida pela NVIDIA – que outrora era a rival que fazia altura à 3dfx. Não se sabe o que foi feito com o resto dos ativos (isso nunca foi divulgado). A maior parte de seus funcionários também acabaram por migrar para a antiga concorrente – que acabou se tornando sinônimo de placa de vídeo com a GeForce na primeira metade da década de 2000 e que hoje domina o mercado, sendo a fornecedora da Microsoft e da Sony com seus vídeo games. De toda sorte, não podemos nos esquecer da revolução que a 3dfx causou no mercado na segunda metade da década de 1990 – sem ela o video game da sua sala poderia não ser como o é.